quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Será que eu posso usar o banheiro?

Um breve relato de um sobrevivente:

"Era uma bela tarde com poucas nuvens.

O céu de repente anuviou, e o vento agitou as ondas do mar. Talvez para anunciar a chegada da chuva. Ou talvez para anunciar o terrível incidente daquela tarde. Bobby... Ah Bobby...

Era o horário mais esperado do dia, a famosa cinco e meia. O Burro do Shrek segurava a parede em frente ao banheiro feminino da agência. EmoNick já havia deixado a sala há algum tempo. Lombriguete e Bobby, como todo bom funcionário, demoraram um pouco mais para desligar suas respectivas máquinas.

No caminho para a longínqua saída da empresa, o Burro do Shrek diz para Lombriguete:
- Nossa, como você está bonito hoje!
- São seus olhos! E a EmoNick, já foi?
- Ela está aí entalada no banheiro...

Foi a partir daí que a gira girou... E os ventos sopraram mais forte, como se tentassem avisar o pequeno Bobby do que estava prestes a lhe acontecer.

As três vozes aleatoriamente diziam coisas como:
- EmoNick, você se entalou?
- EmoNick, você está fazendo o número dois?
- Vai demorar, EmoNick?

Por entre as risadas dos envolvidos, surge a maravilhosa idéia de Bobby. O céu escureceu ainda mais, num tom misto entre o preto fúnebre da crina do Burro do Shrek e o acinzentado dos olhos de Hans Hubberman. Bobby ignorou todos esses avisos... E seguiu adiante com sua inocente brincadeira.

Comprimiu todos os músculos de seu franzino corpo (não passava nem agulha!) e segurou a tranca da porta da discórdia com todas as suas forças. Foi então que a porta começou a estremecer num ritmo alucinante. Quando Bobby se dá por vencido e solta a porta, uma surpresa arrebatadora!

EmoNick não estava no banheiro! Uma figura virada do avesso, inflada de fúria de revolta esbraveja, aos prantos:
- Posso usar o banheiro? Puta brincadeira sem graça, viu!
Havia chamas em seu olhar. Os corações pararam de bater por alguns segundos.

Bobby suplicou por seu perdão, seus olhos lacrimejavam tanto quanto as Cataratas do Iguaçu.
Ao que parece seus esforços foram em vão. As escadas pareciam feitas de espinhos, sentiu Bobby, ao descê-las rolando como um pião ao vento.

Passada a tormenta, Bobby chega ao trabalho dizendo que se sente mais feliz.

Não me pergunte o porquê..."

Update:
"Quem dera eu ser um peixe, para em seu límpido aquário mergulhar..."

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